quarta-feira, 1 de abril de 2009

Integração: o grande problema nas Aquisições e Fusões


O que basta para que a compra de uma outra empresa seja bem sucedida? Se enganam os que pensam que assumir uma dívida controlável é o suficiente para que processos como esse tenham um resultado excepcional. Uma matéria do Infomoney explica a grande dificuldade na Gestão de Pessoas no caso da aquisição do banco Real pelo Santander.
"Todo processo de mudança organizacional é difícil. Para os funcionários de empresas envolvidas em processos de fusão ou aquisição, o medo quanto ao futuro - o seu próprio e o de colegas - é mais do que natural. Afinal, as coisas não serão mais as mesmas, e este é um fato.
Lilian Guimarães: "Demissões são inevitáveis"Quando o Santander comprou o Real, não foi diferente. O Sindicato dos Bancários logo se tornou um dos protagonistas da história. Hoje o grupo possui 50 mil funcionários e a integração da maioria das áreas do banco já foi feita. As agências são a exceção, porque as duas bandeiras ainda estão sendo mantidas, explicou a diretora executiva de Recursos Humanos do Grupo Santander Brasil, Lilian Guimarães."As demissões que têm sido feitas foram inevitáveis. Não é possível ter duas pessoas fazendo a mesma coisa", afirmou. "Estamos terminando o processo de equalização das políticas de Recursos Humanos também, principalmente no que diz respeito aos benefícios".Lilian contou que o clima que tomou conta da empresa, após a aquisição do Real, era de ansiedade. "O ser humano é assim... Avesso a mudanças. As pessoas necessitam ter certeza do que será de suas vidas", disse. "Por isso, queremos acelerar ao máximo o processo de integração, para sair mais rapidamente desta fase difícil". Uma das estratégias do grupo foi implantar programas internos de aproveitamento dos colaboradores, para evitar, ao máximo, as demissões. "Muitas pessoas de áreas administrativas, por exemplo, puderam se candidatar para trabalhar nas agências, que estão se expandindo. Essa ação é resultado de uma negociação importante com o sindicato. Criamos ainda um banco de oportunidades. Além disso, não estamos contratando gente do mercado", lembrou a executiva.Para quem deixou a organização, a empresa ofereceu programas de apoio, de reorientação de carreira, que tratam de aspectos psicológicos e emocionais dos profissionais. A todos eles foi ainda ofertada uma extensão dos planos de assistência médica.Por um lugar melhor para trabalharNo entanto, o foco não pode ser apenas quem sai. Às pessoas que ficaram cabe a missão de administrar a ansiedade e de se motivar, independentemente do momento empresarial da instituição."Implantamos uma série de medidas no sentido de motivar o pessoal. Ações estas que contam com todos os gestores da empresa. Eles participam do processo de integração, trabalham a visão de futuro da companhia junto aos seus subordinados. Uma vez que você tem uma direção, isto é, sabe para onde o banco está indo, fica mais fácil se motivar". Além de programas de benefícios e remuneração, o Grupo Santander Brasil oferece meios para que seus funcionários se capacitem. Por fim, o cuidado com o clima organizacional é intenso. O objetivo é mesmo minimizar o impacto da integração. "Temos um grupo grande de RH monitorando o clima e avaliando a cultura organizacional". Sem segredosA transparência e a disseminação das informações também são prioridades. "Contamos com um plano de comunicação coordenado pelo marketing. Temos muitos veículos internos, muitas formas de chegar ao funcionário". Para Lilian, o departamento de RH é o "guardião" da empresa. Ele é responsável por disseminar informações, tirar dúvidas, motivar. Tanto que o grupo mantém um canal direto entre funcionário e RH, que funciona como uma espécie de central de atendimento. "Quanto mais conseguirmos disseminar as informações, melhor será o ambiente na empresa. O clima atual é de ansiedade, e ele foi gerado pelas dúvidas e incertezas quanto ao futuro. Deixando tudo claro para as pessoas e dizendo como será o futuro, fica mais fácil. Esta é uma etapa importante, de muito trabalho".A diretora é quem está por trás do processo de integração entre o Santander e o Real, nos assuntos mais delicados, referentes ao capital humano. Ela finalizou a entrevista citando a meta do grupo: "Queremos ser a melhor empresa do Brasil para se trabalhar". E acrescentou: "Tenho certeza de que conseguiremos".

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